segunda-feira, 14 de maio de 2012

Vocês sabem qual é a última moda?

Sabe, outro dia eu fui fazer uma apresentação de tambor japonês em uma festa de boas vindas aos novos estudantes. Semanas antes da tal festa, estava lá eu conversando com meus amigos, todos ansiosos pra ver como eram os novatos, fazer novas amizades, bater um papo legal e clichês do gênero. Chegamos lá, apresentamos perfeitamente - ou quase, tirando o meu erro no final e a ansiedade que me fez tirar o apetite depois - e saímos para participar da festa, aproveitando para distribuir uns panfletos para convidar os interessados a participar do nosso grupo. Mãos a obra,  saí entregando simpaticamente uma folha para cada pessoa quando eu me deparo com um grupo de coreanos. Estendi a mão para eles para entregar panfleto e eles simplesmente viraram a cara, nem sequer falaram um "não estou interessado, desculpe-me". E ainda tive o desprazer de presenciar uma expressão facial a la "eu não evacuo há vinte dias, não dirija a palavra à mim". Só porque você é mais magro e boa pinta do que eu, isso não lhe dá o direito de ser ignorante. Só porque você é mais alto do que eu, isso não lhe dá passe livre para sentir-se um degrau acima e agir com superioridade. Só porque seu cabelo e sua roupa são mais estilosos do que os meus (e diga-se de passagem, "meu estilo" e "nulo" são quase sinônimos, mas não espalha), isso não significa convite à arrogância.

Desde quando cheguei ao Japão, comecei a conviver com superficialidade humana em níveis atômicos. Tão atômicos que, se comparados, as bombas de Hiroshima e Nagasaki são insignificantes. Pessoas que se importam se irão com Gucci ou Dolce&Gabanna para a festa, se o Giorgio Armani da colega combina com o anel da Tiffany chiquérrimo, se você tá tão style quanto o Brad Pit, se seu(s) iPhone(s) é(são) o 4S, se sua carteira da Louis Vuitton está recheada de milhões de dólares, se seu cartão de crédito é ilimitado e você se sente perdido se irá gastar numa boutique da Donna Karan, Lacoste ou se irá comprar o último lançamento do Yves Saint Lauren ou do Marc Jacobs. E não, não estou resumindo somente aos japoneses, mas sim à todos os que habitam o nosso planeta. Afinal, futilidade está sendo a última modinha mundial. É claro que não digo pra ninguém andar por aí como veio ao mundo porque aí, né meu filho, já viu. Também não estou falando que precisamos ser simpáticos-felizes a toda hora, distribuindo sorrisos a torto e a direito. Há dias em que levantamos de pé esquerdo, estamos com paciência nem pra olhar para nossa própria cara refletida no espelho. Às vezes o santo não bate com o da pessoa. Acontece. Mas isso não é desculpa destratar quem você quiser, não é? Só é utilizar um pouco de bom senso, se ainda possuir. As asiáticas caem de encanto por gringos loiros, altos de olhos azuis sem sequer previamente saber se ele tem conteúdo. Não digo que sou o Sr Culto, pelo contrário: a saída do Brasil me fez encontrar com os mais diversos tipos de pessoas, aprender sobre as inúmeras diferenças culturais, adquirir novos conhecimentos e passar por diversas situações inesperadas. Situações boas e ruins, mas que estão servindo para me fazer crescer pessoalmente. Eu acho.

Antes que entendam mal, eu não estou generalizando. Conheci pessoas maravilhoras, de tudo quanto é nacionalidade - incluindo japoneses, coreanos e chineses, hah. Mês passado encontrei-me com uma coreana que disse-nos o seguinte: "os homens coreanos só são bonitos por fora. Eles são ensinados desde pequenos a somente estudar e estudar, mas não são ensinados a valorizar e desenvolver o interior". Talvez ainda há mais pessoas com valores e ideais no mundo do que imagino. Talvez eu esteja sendo somente pessimista demais, e eu espero que sim.

Enquanto isso, eu me divirto com minhas aulas de confeitaria. Um dia, quem sabe, eu serei capaz de fazer "cakes as tasty as they look and as beautiful as they taste". Conteúdo e aparência num só corpo. Parece utopia.